RESUMO

Este artigo visa apresentar a música como facilitadora da inclusão do aluno com o diagnóstico de Transtorno do espectro autista (TEA) na educação regular de ensino. Com base em pesquisa bibliográfica em Educação Musical, Psicologia, Musicoterapia, Neurologia, teses de mestrado, artigos, conhecimentos publicados em sites científicos de internet. Após estas pesquisas, três momentos são explanados neste artigo: Autismo-Histórico e definições, Processamento da Linguagem musical e Música e Inclusão: Uma possibilidade especial. Estes momentos escritos expõe uma relação da possibilidade viável de uma inclusão com sucesso, que atinge o global do aluno, sendo a música uma das melhores maneiras de despertar e manter a atenção de um ser humano, pois há neste recurso uma constante mistura de estímulos novos e estímulos já conhecidos. Pensando que a música é inata ao ser humano desde o útero materno, onde o bebê já capta os sons internos do corpo da sua genitora, e a percepção da voz da mãe falando com ele. A pessoa com o Transtorno do espectro autista apresenta muitas peculiaridades que estão descritas no decorrer do artigo, e o professor da escola de ensino regular, diante do aluno que interage e aprende de forma diferente, sente a dificuldade e em muitos casos coloca a impossibilidade de incluir o aluno e trabalhar com ele para que ocorra o desenvolvimento, que toda a criança tem por direito, independente da sua condição. Aqui então é mostrar que a realidade é complexa, mas que é a música é uma possibilidade.

Palavras-chave: Música. Autismo. Possibilidade. Inclusão. Desenvolvimento

INTRODUÇÃO      

          O interesse em desenvolver o tema deste artigo surgiu do trabalho em sala de aula do ensino regular na educação infantil, no qual em 2016 estavam inclusos alunos com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). A interação com crianças com TEA valendo-se da linguagem verbal inicialmente, é muito prejudicada, sendo necessárias abordagens e estratégias diferenciadas para abrir um canal de comunicação que possibilite a interação, para que as mesmas possam desenvolver-se globalmente. Então após pesquisas teóricas foi pensado: Como a música pode facilitar a inclusão do aluno com Transtorno do Espectro Autista (TEA) na educação regular?

       Este artigo tem como objetivo geral investigar a utilização da música na educação regular com os alunos que apresentam o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA). E os objetivos específicos são: Conhecer as características da pessoa com Transtorno do Espectro autista; Entender a relação da música com o Transtorno do Espectro Autista (TEA); Discutir as manifestações dos alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), quando utilizada a música no contexto educacional.  

      O presente trabalho iniciará com um resgate histórico da expressão autismo que foi utilizada pela primeira vez por Bleuler em 1911, para designar a perda do contato com a realidade, o que acarretava uma grande dificuldade ou impossibilidade de comunicação. Foi Leo Kanner, em 1931 quem isolou alguns casos semelhantes de 11 crianças que apresentavam entre outros aspectos, forte isolamento, ausência de reciprocidade no olhar e desinteresse profundo em estabelecer contato. Essas definições ainda hoje são consideradas apropriadas por pesquisadores da área médica, não sendo para os psicanalistas da infância a referência observada. Assim, Kanner usou a mesma expressão para descrever o quadro clínico de seus clientes. Sugeriu que se tratava de uma inabilidade inata para estabelecer contato afetivo e interpessoal e que era uma síndrome bastante rara, provavelmente, mais frequente do que o esperado, pelo pequeno número de casos diagnosticados.

          Será abordado também discussões neste artigo sobre vários estudos que descrevem que a área do processamento da linguagem em pessoas autistas tem ativação reduzida, além de apresentarem anormalidades em circuitos cerebrais. As regiões cerebrais ligadas às habilidades musicais são frequentemente preservadas. As habilidades musicais possibilitam eficaz melhoria no comportamento social, ou seja, estimula a criança com o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) a interagir e com a interação desenvolvem a comunicação, mediante o aumento da atenção compartilhada. Pesquisas apontam benefícios da música na neuroplasticidade e provam que intervenções baseadas em música podem ser usadas para fortalecer conexões entre as regiões frontal e temporal, que apresentam anormalidades nos autistas.

        Com a LEI Brasileira de inclusão da Pessoa com deficiência (ESTATUTO DA PESSOA COM DEFICIÊNCIA): LEI Nº13.146, de 6 de julho de 2015, observa-se a dificuldade dos professores da rede regular de ensino em interagir com os alunos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), podendo ser a música a porta de entrada para a abertura do canal de comunicação entre professor e aluno e após estender as relações para os demais alunos da sala.

Craveiro(1999), destaca algumas explicações de pontos positivos para utilizar a música com a pessoa autista, tais como: 1- O som, sendo vibrações, o autista não tem como impedi-lo, o som o  atinge , querendo ou não, por meio das vias aérea, tátil e óssea, abrindo canais de comunicação; 2- a  música e/ou seus elementos aparecem como veiculadores de sentimentos e emoções;3- a música além de se apresentar como um elemento altamente propiciador do vínculo, também favorece a integração e a socialização. Craveiro, 1999.

E Chierelli & Barreto (2005, p.6) afirmam que a música faz “aberturas de canais sensoriais, facilitando a expressão de emoções, ampliando a cultura geral e contribuindo para a formação integral do ser.

        Assim a intenção do presente trabalho é demonstrar com concepções que sustentam teoricamente a utilização da música que objetiva facilitar o processo de inclusão de alunos com o diagnóstico de Transtorno do Espectro Autista (TEA) e o seu impacto na aprendizagem, tendo o professor como mediador.

1 AUTISMO: HISTÓRICO E DEFINIÇÕES

        Após leituras está descrito neste momento um breve resgate histórico e definições de autismo: Segundo Bettelheim (1987) diz que Breuler, psiquiatra do início do século XX definiu o termo autismo como sintoma secundário da esquizofrenia. Breuler utilizou-se então da palavra autos, que é de origem grega, que significa “si mesma”. Ainda Bettelheim (1987) coloca que Breuler faz aos autista, alusão aos tipos de esquizofrenia “que vivem num mundo muito pessoal e deixam de lado qualquer outro contato com o mundo”.

        Em 1943, o psiquiatra americano Leo Kaneer analisou o comportamento característico em algumas crianças que ele investigava. E a essas características comportamentais e as perturbações que lhes dava, originou o termo Síndrome do Autismo. Na National Society for Autistic Children (NSAC) foi empregada a definição da síndrome.

       Alguns pesquisadores como Ritvo e Freedman (1978) foram os responsáveis pela definição na NSAC. E no mesmo ano, Rutter e Schopler, criaram os critérios definindo a síndrome tendo o comprometimento na esfera social e de comunicação de início precoce, era a característica principal do autismo infantil.

          Outros pesquisadores foram criando outras definições como: Rutter apud Fernandes (1986), a partir dos estudos que dizem, que o autismo implica em uma condição que há algum tipo de anormalidade no desenvolvimento do cérebro, com prejuízo global de desenvolvimento e funcionamento cognitivo.

          Gauderer (1985) afirma que o diagnóstico não acontece antes dos dois anos de idade, porém os pais percebem que o comportamento dos seus bebês é muito diferente em relação às outras crianças da mesma idade. São quietos e não desejam interagir com eles.

          Lorna Wing (1979) definiu o autismo como uma síndrome que apresenta comprometimentos em três domínios do desenvolvimento humano: a comunicação, a socialização e a imaginação – tríade.

      De acordo com a ASSOCIAÇÃO AMERICANA DE PSICOLOGIA (2003), Autismo é um transtorno global do desenvolvimento (TGD), também conhecido como transtorno do espectro autista (TEA), especialmente na literatura internacional, caracterizado por dificuldades na interação social e na comunicação verbal e não verbal e por comportamentos e interesses bastante restritos e repetitivos, o que é conhecido como a tríade de prejuízos. Existem vários sistemas de diagnósticos para a classificação do autismo, os mais comuns são: a Classificação Internacional de Doenças da Organização Mundial de Saúde, ou o CID-10, e o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Doenças Mentais da Academia Americana de Psiquiatria, ou DSM- V (versão atual). No Reino Unido, também é utilizado o CHAT (Checklist de Autismo em Bebês, desenvolvido por Baron Cohen, Allen e Gilberg), que é uma escala de investigação de autismo aos 18 meses de idade.  

         No DSM V e CID 10 (2000), a definição consiste em que o Autismo infantil é um transtorno global do desenvolvimento caracterizado por: a) um desenvolvimento anormal ou alterado, manifestado antes da idade de três anos, e b) apresentando uma perturbação característica do funcionamento em cada um dos três domínios seguintes: interações sociais, comunicação, comportamento focalizado e repetitivo. Além disso, o transtorno se acompanha comumente de numerosas outras manifestações inespecíficas, por exemplo: fobias, perturbações de sono ou da alimentação, crises de birra ou agressividade (auto agressividade).

          De acordo com o DSM-V (2011) O Transtorno do Espectro do Autismo é um distúrbio do desenvolvimento neurológico e deve estar presente desde a infância ou início da infância. No DSM-V (2013), o autismo é classificado por uma única definição; Transtorno do Espectro Autista (TEA). Os déficits de comunicação e interação social são inseparáveis. As crianças com TEA, segundo Pegoraro (2012), p. 92:

Os déficits de comunicação e interação social são inseparáveis, e mais precisamente considerados como um conjunto de sintomas. O segundo critério consiste em interesses restritos repetitivos exibidos por pelo menos dois dos seguintes; comportamentos motores ou verbais estereotipados, ou comportamentos sensoriais incomuns se aderência excessiva as rotinas e padrões de comportamentos ritualizados e restrito.

2 PROCESSAMENTO DA LINGUAGEM MUSICAL

          Para iniciar este momento, é importante entendermos como ocorre o desenvolvimento da linguagem verbal de forma breve e nos determos no processamento da linguagem musical e como estas se manifestam na escuta e na comunicação da pessoa com Transtorno do espectro autista (TEA). A linguagem verbal desenvolve-se antes do período pré-escolar, mas é na escola que a criança se utilizará da mesma para comunicar-se, interagir e relacionar em prol do seu aprendizado, a fim de ampliar os conhecimentos. A criança busca no processo de desenvolvimento da linguagem verbal reproduzir a linguagem do adulto por meio da imitação. E neste processo há predominância da percepção auditiva e visual, aqui temos a primeira dificuldade da criança com Transtorno do espectro autista (TEA), ela ouve os sons das palavras, mas o processamento está prejudicado e tem dificuldade de estabelecer comunicação visual com o interlocutor, e quando apresentam a linguagem verbal, é expressa de forma estereotipada, sendo difícil a interação por este meio. Agora vamos entender o que é música e como é processada: Segundo Ruud, p.57 “A música pode ser definida como uma progressão sonora não linguística organizada no tempo”. A linguagem necessita de elementos sonoros que expresse conceito/significado/ideia, diferente da definição de música citada por Ruud, porém a música deve ser considerada um meio de comunicação, pois podemos ver por intermédio da escuta musical manifestações de ordem emocional, assim como pode ser observados caráter estético, rítmico, melódico, simbólico e estes são expressados de maneira mais direta do que o código verbal, ou seja, a escuta de música deve causar uma “ressonância comunicacional” (RUUD, p.57) no ouvinte. Se o interlocutor causa uma “ressonância comunicacional” no ouvinte, diferente da linguagem verbal, a criança com Transtorno do espectro autista, pode ser atingida e a partir daqui estabelecer comunicação. Segundo JORDAIN (1998, p.21) o som é considerado na Física como vibrações, mas em Psicologia, o som é uma espécie de experiência que o cérebro extrai do seu meio ambiente. Então o físico encontra energia no som, enquanto o psicólogo encontra informações. Embora as duas profissões estudam o som, a preocupação do psicólogo é a sensação que causa o som e o físico lhe dirá que as agitações das moléculas de ar são bem parecidas para quaisquer ouvidos. A música traz questões misteriosas e hoje existem vários estudos a este respeito, a ciência em grande avanço tem descoberto com o auxílio de máquinas para mapeamento cerebral e técnicas experimentais, e já está comprovado por diversos estudos que a capacidade para perceber e apreciar sons e música é inata ao ser humano. O Dr. Mauro Muszkat coloca em seu artigo sobre a música e Neurociência que segundo o eminente maestro e compositor Koellreutter, a música é uma arte que utiliza-se de uma linguagem, mas não ocorre a separação entre significante e significado como na linguagem verbal, ou seja, não depende de convenções semântico-linguísticas, a organização que traduz a ideia por meio de uma estrutura significativa que é a própria mensagem: a própria música. O cérebro é o responsável por integrar as manifestações que recebemos do meio Portanto os impulsos sonoros são transmitidos ao córtex auditivo, onde regiões especializadas, especialmente no hemisfério cerebral direito, seriam responsáveis pela análise dos aspectos musicais como a entonação e o timbre.     

          Acredita-se que estas áreas sejam também importantes na memória recente para sons musicais e imaginação musical. A informação do córtex auditivo é transmitida às outras áreas cerebrais. A ligação destes estímulos para os lobos frontais, são considerados como sendo partes fundamentais de uma complexa rede interativa que permite a percepção, a lembrança e o prazer musical. A música, neste sentido, provoca “um efeito esponja” no cérebro, isto é, ela borra as várias áreas cerebrais, estimulando campos para a aprendizagem, movendo as emoções e transformando as relações. Temos aqui então meios para afirmar que se a música possibilita transformações, pois atinge as várias áreas do cérebro, o aluno com Transtorno do espectro autista (TEA) terá alguma área do seu cérebro atingida, seja a sua predominância auditiva, visual, táctil, cinestésica, criando desta forma uma aproximação entre aquele que produz o som ou  música e o aluno, estimulando-o sair do seu campo isolado, mesmo que inicialmente o som produzido cause reação negativa, como gritos, estereotipia corporal, verbal, pois também desta forma o aluno estará demonstrando que aquele estímulo o incomoda, ou seja, está estabelecendo comunicação e o professor neste momento começa a compreender  o processo de escuta e quais elementos irão desencadear as manifestações, com base nas mesmas, buscar estímulos para a transformação das reações.

3 MÚSICA E INCLUSÃO: UMA POSSIBILIDADE ESPECIAL

          A música como já descrita, é uma fonte significativa de estimulação das áreas de socialização, interação e comunicação, pois é uma forma de manifestação artística e estética, a beleza da criação musical é importante para o enriquecimento do desenvolvimento humano. As atividades escolares que tem como ponto de partida a escuta e fazer musical, servem como estímulo à realização e ao controle de movimentos específicos, possibilitam a comunicação com o professor e com os demais alunos da sala. O aluno com Transtorno do espectro autista, sente-se parte do grupo, pois a música estimula-o sair do seu “espaço” ou “mundo isolado”, pois ao atingir em primeiro lugar a emoção, algo novo acontece e há  influência das reações físicas, desencadeando movimentos que atingem as estereotipias, as áreas sensoriais, modificando assim a atuação do aluno e este podendo comunicar suas reações, ainda que de forma não- verbal, que se interpretadas pelo professor adequadamente, ou seja, como respostas  e quais intervenções que a criança  necessita para a sua adaptação e desenvolvimento global, aparece a possibilidade de inclusão. Quando o aluno com o Transtorno do espectro autista consegue atingir o desenvolvimento de socialização e da interação por intermédio dos sentimentos e afetividades que a música desperta na sua criação, a comunicação é estabelecida e considerando as especificidades e necessidades individuais de cada aluno, motiva-se o aspecto cognitivo e o processo de aprendizagem se manifesta. A música portanto é uma grande aliada para ser usada em sala de aula com crianças com TEA. Segundo Ferreira (2014) “pode leva-las a potenciar o seu desenvolvimento, uma vez que a música exerce um espírito harmonioso, calmo e relaxante”. Benenzon (1988:33) apud Ferreira (2014) afirma que “para entrar em comunicação com uma criança autista é necessário imitar alguns sons que ela emite”. Ferreira ainda coloca que,” a experiência artística favorece o estabelecimento de um contato, no qual a música passa a ser o centro que potencia a interação e a participação” (Ferreira, 2014). Vemos aqui o aluno como produtor da sua música, protagonista do seu desenvolvimento e aprendizagem de outros conteúdos contidos no planejamento, rompendo assim as barreiras que impossibilitam a inclusão real do aluno com o Transtorno do espectro autista (TEA). E o professor nesta teia é o mediador de um processo único, este movimento produz mudanças importantes tanto no contexto educacional quanto na relação familiar do aluno.    

         Ao utilizar a música diariamente na escola, o professor estimula como um treino para o aluno com o Transtorno do espectro autista (TEA) a comunicar-se e interagir, desta forma motiva o contato através do olhar, desperta a atenção e a concentração para o objeto sonoro (quando utilizado instrumento musical),em que o aluno percebe a fonte sonora e também para quem produz ou interage com o aluno na produção do seu som, promovendo a imitação, estabelecendo assim proximidade e até o contato físico, formando um jogo recíproco. Todo este trabalho transforma-se em uma experiência musical e, portanto a emoção, o conhecimento, a interação, as relações estabelecidas, a comunicação, entre outras aquisições possíveis, ganharão dimensão, ou seja, ocorre mudanças positivas à inclusão do aluno com o Transtorno do espectro autista. No guia de estudo Apreciação e criação musical do Núcleo de Pós- Graduação da Faculdade Campos Elíseos foi estudado que: no século passado, educadores musicais como Emile Dalcroze (1985-1950), Zoltán Kodaly (1882-1967), Edgar Willems (1890- 1978) e Carl Orff (1895-1982) “buscam uma experiência musical na qual as crianças pudessem sentir e experimentar a música de forma lúdica e espontânea, por meio do canto, do uso do corpo e da sensibilidade auditiva, tornando a música prazerosa”. Então vemos nesta citação uma relação com o tema deste artigo, pois ao experienciar a música, o aluno com o Transtorno do espectro autista, também terá reações como os demais alunos típicos, sendo necessário intervenções frequentes para a apropriação e manutenção dos resultados que se espera, bem como a criatividade do professor de apresentar por partes, tendo em vista que o excesso de estímulos contidos num som ou em uma música pode trazer efeitos que transcendem à sensibilidade do aluno, como já descrito a cerca de alteração de sensibilidade da pessoa com Transtorno do espectro autista. Este artigo não tem a pretensão de mostrar a música como única possibilidade de inclusão do aluno com o diagnóstico de Transtorno do espectro autista, porém os estudos já publicados e comprovados, nos esclarecem uma via mais rápida, pois a música escapa, anula o silêncio, trazendo o despertar para o outro e a daí em diante outras possibilidades ganham forças para integrar este ser que tanto queremos que esteja incluído e desenvolva-se integralmente.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

          Consideramos a música que possibilita o desenvolvimento dos três domínios na aprendizagem: funções cognitivas, emocionais e sociais. A música inserida no campo das artes cria caminhos não-verbais e estimula o aluno que não adquiriu e talvez não adquirirá a linguagem verbal. O fazer musical estimula as funções do sentir, processar, perceber as estruturas e os parâmetros musicais numa estética de comunicação que é por si só forma e conteúdo, mensageiro e mensagem. A música proporciona também tensão e relaxamento que são sentidos, tirando o ser humano da sua zona de conforto.   

        Pensando no aluno com Transtorno do espectro autista (TEA), a música invade o seu ser psíquico isolado, trazendo-o para o mundo das emoções, afetividade, relação, comunicação, desta   forma  com a integração das funções cognitivas, afetivas e sensoriais, é estimulado o desenvolvimento global num perspectiva inclusiva que abrange e cumpre significativamente a LEI Brasileira de Inclusão já mencionada, na qual o professor da escola do ensino regular age por meio  de uma escuta das diferenças, num movimento que ambos, professor, aluno com o diagnóstico de Transtorno do espectro autista e os demais alunos da sala aprendem e convivem com  as diferenças, desenvolvendo assim também valores de respeito, solidariedade, tolerância, cuidado com aquele que necessita de um auxílio maior, ampliando as possibilidades criativas de todos os envolvidos, bem como a descoberta de novas formas de relacionar-se, no caso por intermédio da música, que cria forças e potências desejantes de transformação.

REFERÊNCIAS

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FERREIRA, Ines Alexandra Teixeira. A música em contexto Escolar: Inclusão ou Exclusão do aluno com Espectro do autismo. Dissertação apresentada à Escola Superior de Educação de Paula Frassinetti para a obtenção do grau de Mestre em Ciências da Educação – Especialização em Educação Especial. Porto, 2014

FERRO, Adriana Aparecida, Elaine Kajfes Garcia, Maria Teresa Zanatta de Oliveira, Miria Bispo dos Santos e Priscila Lido. Os saberes no contexto musical. Trabalho apresentado ao projeto de pesquisa de extensão cultural promovido pela Secretaria de Educação do município de Várzea Paulista, em convênio firmado com a UNESP, sob orientação do Prof. Dr. Romualdo Dias. São Paulo, 2007

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VIEIRA, Jair Lot. Estatuto da Pessoa com Deficiência. Editora Edipro. Edição 1. São Paulo, 2015

Posted by:Elaine Kajfes Garcia

Graduação em Musicoterapia pela Faculdade Paulista de Artes (2003); Especialista em: Psicomotricidade pela Universidade São Marcos (2004); Neuroeducação pela Faculdade Campos Elíseos (2016); Educação Musical pela Faculdade Campos Elíseos (2017) Professor de Educação Infantil na CEMEB “Vereador José Pedro Musseli”; Musicoterapeuta na APAE de Francisco Morato.